quarta-feira, abril 08, 2009

Escutando Sartre:

“ Numa civilização tecnocrata já não há lugar para a filosofia, a não ser que ela própria se transforme em técnica. Veja o que se passa nos Estados Unidos: a filosofia foi substituída pelas ciências humanas. O que subsiste sob o seu nome é uma espécie de devaneio vago, de reflexão muito geral, que em nada se assemelha à interrogação filosófica.
Há, aliás, um sinal claro desta evolução: a filosofia tende a tornar-se apanágio dos universitários. É certo que os filósofos entre nós foram sempre professores. Mas outrora procurava-se levar os alunos a tomar consciência dos problemas, deixando-lhes o cuidado de eles próprios os resolverem. Hoje tranquilizam-nos. O filósofo técnico sabe, e diz o que sabe. A verdade aí está, imediata, separada das suas determinações anteriores. Ou, mais precisamente: ela dá-se de uma só vez no presente, como se entre o momento presente e o momento passado houvesse um verdadeiro corte. Um corte que não se explica, mas que se verifica".

Althusser, Barthes, Derrida, Foucault, Lacan, Lévi-Strauss, Sartre, Sebag e outros / selecção e introd. de Eduardo Prado Coelho(1944-2004). Estruturalismo: antologia de textos teóricos (Colares, M. E. R., Rosa, A. R., Coelho, E. P., Trad.). Lisboa: Portugália Editora. Pp.135-137.

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