sexta-feira, novembro 19, 2010

«LEMBRA-TE, CORPO…

Corpo, lembra-te não só do quanto foste amado,
não só das camas onde te deitaste,
mas também daqueles desejos que para ti
brilhavam nos olhos abertamente,
e tremiam na voz – e algum
obstáculo casual os frustrou.
Agora que tudo está no passado,
quase parece como se também àqueles
desejos tivesses sido dado – como brilhavam,
lembra-te, nos olhos que para ti olhavam;
como tremiam na voz, para ti, lembra-te, corpo».

Kavafis, K. (2005). Os Poemas (Magalhães, J. M. , Pratsinis, N., Trad. do grego, pref. e nt.). Lisboa: Relógio D'Água. p.193.

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