terça-feira, setembro 21, 2010

Sacrilégios do saber
Estava a Jeune a tentar ajuizar alguma coisa com coerência, a propósito da dita "bioética", quando na página 32 de: Neves, M. C. P. (2007). «Introdução: A bioética como reflexão e como prática». In, Neves, M. C. P. (coord.). Comissões de Ética: das bases teóricas à actividade quotidiana (2ª ed., revisada e aumentada, 2007). Coimbra: Gráfica de Coimbra. pp. 29-35; se depara com uma espécie de "delimitação" de "bioética": "Também não se confunde com uma deontologia ou ética profissional. Esta define-se por um conjunto de regras morais, jurídicas e administrativas de acção próprias aos membros de uma determinada profissão, enquanto a bioética pondera sobre a legitimidade moral das diferentes modalidades da acção humana sobre a vida, sem restrições. A bioética tão pouco se esgota como parte da ética, ciência dos princípios da acção, ou da moral, conjunto de normas que regulam o agir humano, precisamente porque combina em si a exigência de fundamentação do agir com o imperativo da intervenção efectiva". Os jurados que me desculpem a pergunta (em plena dissertação): A bioética pondera sobre a legitimidade moral?! Repare-se na incongruência entre a segunda e a terceira frase!!! Mais grave: as enumeras referências às páginas de Beauchamp, T.L., Childress, J. F. (2001) Principles of Biomedical Ethics (5th edn.). Oxford: Oxford University Press, sabendo que na página 1 se pode ler: "The term ethics needs attention before we turn to the term morality".

10 comentários:

  1. Li Neves e pensei, tu queres ver que o César das Neves anda agora a opinar sobre ética. Mas não. Descansei, apesar de tudo.

    (Não percebo nada de ética, confesso. Enfim, não percebo nada de quase tudo, mas lá vou disfarçando, ou não).

    Qualquer um pública hoje, não desanime. As barbaridades absolutas estão à mão de um clique googliano.

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  2. César o Economista?! (Não me surpreenderia…risos). (É a Maria do Céu Patrão Neves… E, de facto, esta obra deve ser lida, pois claro, excelente organização! Cs, eu também não percebo "mundos e fundos", mas sou picuinhas! – OK – Sou imatura, ainda... Logo, irrita-me a "mistelga" entre ética – moral – bioética… (estes contra-sensos – página após página – 500 e tal )… (É como o facto de Portugal ser um país laico e serem "impostos" feriados de génese católica!)..

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  3. chegada ao naco "ciência dos princípios da acção", abandonaria imediatamente o livro.


    há tanta coisa boa para fazer ao invés de ler imbecilidades!

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  4. Sim, sim, eu também pensei nisso! Mas, na noite anterior, adormeci com visões de um painel de jurados (médicos) a repetir continuamente: "A menina ainda não deve ter lido a obra x..."! (Depois de um momento de ponderação, e com a mente muito – muito confusa, decidi continuar a ler).

    «ciência dos princípios da acção» é uma bela assunção contraditória. Nunca percebi bem o que é isso do conhecimento científico (aquilo que muitos docentes do ensino superior têm na ponta da língua… isto para a conversa não descambar). E essa coisa de «princípios de acção» será que se pode comprar ao kg?! (Lamentável é, quando neste país, um(a) aluno(a) não pode escrever o que pensa sem ser etiquetado).

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  5. 23 aninhos? não, não escreva o que pensa porque será etiquetado. faça-o na tese de mestrado ou melhor ainda - mais seguro - na de doutoramento. será etiquetado na mesma mas aí já lhe concedem a sobranceria no olhar que colocará quando para eles olhar.
    :-)

    ética é filosofia, por isso, ciência não será nunca. e mesmo que não fosse filosofia, ciência não seria nunca também: porque a ciência (e nisso podemos todos concordar) trata de descobrir quais os princípios do ser (que nela são sempre equiavelentes a estar), e nunca os do agir humano.

    o que os senhores do livro não entendem (pelos vistos) é a diferença entre acto do homem e acto humano: o segundo pode ser avaliado segundo diferentes perspectivas, como a ética, o primeiro, não.

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  6. (Repare no diminutivo "aninhos"…)
    Sim – sim – a minha tese de mestrado, a entregar em Outubro, fala muito do que eu não penso (risos), mas nem assim me liberto daquelas frases: "olhando para si – ninguém diria o que vai por esse pensamento" – risos). Mas enfim, vou terminar com o que virei a pensar :) (que já penso) (Eu não estou doida!)

    (Repare-se: A Maria do Céu Patrão Neves é Professora Catedrática de Ética).

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  7. está tudo dito então! (quanto ao seu 'repare-se')

    mas ouça lá: tem uma tese a entregar em outubro e anda praqui a distrair-se com blogs?

    ai! não me preocupe!


    (bom trabalho, então :)

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  8. (o diminutivo aninhos é, a um tempo, carinhoso e rigoroso)

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  9. Ei! Hoje é Sábado! (E o meu co-orientador diz que posso descansar...).

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  10. ok, se ele o diz... descontraia.

    qt a mim encantada da vida, que adoro conversar em caixas de comentários (nos fds é mais possível) e os meus habituais comentadores já se deixaram disso há muito :)

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