sexta-feira, maio 15, 2009

"Como as estrelas
- Mãe, agora eu era bailarina - declarou a Marta, após um dos seus longos silêncios entre dois raios de sonho. E esticou a mão rechonchuda para ligar a telefonia.
- Bailarina?
- Pois. E dava passinhos pequeninos em bicos dos pés e esticava os dedos das mãos assim...olha!, até chegar ao tecto. E rebolava no chão como uma bola de algodão ou ...um gato!
- Um gato?...
- Sim! Um gato branco, todo branco, com almofadas nas patas. E depois...levantava o pé muito depressa até abanar a saia, uma saia esticadinha de rede... E agora eu...
- Que mais?
- Ora! Saltava! Saltava até a saia voar e o cabelo voar...fff! E a Marta voava sem nunca cair no chão! Tudo com música, claro.
- Claro.
- E agora a Marta voava muito tempo... até as luzes se apagarem... e ficava pendurada no céu, como as estrelas.
- Finalmente, o silêncio. Marta via agora o seu corpo leve de menina (que já era estrela) elevar-se sobre a cadeira de rodas (que agora era um palco) onde tudo podia começar a acontecer. Com música, claro." (Inédito de Maria Teresa Maia Gonzalez).
(Relembrei hoje a "história" "contada" na voz da Rute)

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