Fim de tarde - não me permiti continuar a ler – estava encadeada com várias fitas cinematográficas que ocorriam no meu pensamento. Desviei o olhar, mas o ensinamento voltou a ecoar-se em mim: "Não significará Deus o outro do ser? Não significará o pensamento significante, à imagem de Deus, o estoiro, a subversão do ser: um de-inter-essamento [des-inter-essement] (uma saída do "essamento" ["essement"]? Irredutível ao Mesmo, não permitirá o outro, numa certa relação (ética), pensar este outro ou este para-além?
A ética, ou seja, não uma simples camada, mas qualquer coisa de mais antigo do que a onto-teo-logia – e de que ela mesma deverá dar conta.
O dotado de sentido não tem necessariamente de ser. O ser pode confirmar o pensamento, mas o pensamento pensa o sentido – o sentido que é exibido pelo ser. Um tal pensamento alarga o desinteresamento.
Opor Deus à onto-teo-logia, é conceber uma nova maneira, uma nova noção de sentido. E é de uma certa relação ética que se pode partir para uma tal procura" (Lévinas, E. (2003). Deus, a morte e o tempo (Bernardo, F. Trad.). Coimbra: Almedina. PP.138-139). Fiquei (re)ligada num certo movimento slow à procura "daquela voz"... a recordação saiu de si: "A ética é o reconhecimento da santidade". Mas, se uma ética da responsabilidade envolver "valores" religiosos, uma religião envolve também "valores" éticos... é-me possível pensar que a ética levinasiana é sempre religiosa?! E qual a intensidade da relação com a religião? Mas, o que é que deve ser "mais ético": as religiões ou a ética que se ocupa do humano enquanto humano? Ética da religião? Religião da ética? Ateus religiosos? Só compreendi: "não matarás"! Enfim, espasmos do pensamento a latejar no latejo rítmico do coração (pode ser que alguma outra jeune em mim me responda)....
Imagem disponível em: http://theworldowner.net/wp-content/uploads/duasfaces.jpg.
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