quinta-feira, fevereiro 26, 2009

“Visões da Febre”
"Doente. Sinto-me com febre e com delírio
Enche-se o quarto de fantasmas. 'Ma visão
Desenha-se ante mim tão branca como um lírio
Debruça-se de leve… Estranha aparição!

É uma mulher de sonho e de suavidade
Como a doce magnólia florindo ao sol poente
E disse-me baixinho: «Eu chamo-me Saudade,
E venho para levar-te o coração doente!

Não sofrerás mais; serás fria como o gelo;
Neste mundo de infâmia o que é que importa sê-lo
Nunca tu chorarás por tudo mais que vejas!»

E abriu-me o meu seio; tirou-me o coração
Despedaçado já sem’ma palpitação
Beijou-me e disse «Adeus!» E eu: «Bendita sejas!...»"
Espanca, F. (2006). Poesia Completa (8ª ed.). Lisboa: Bertrand Editora; p.115.

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